quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Amor livre | Parte II



Eu sabia que vir de relações monogâmicas e partir direto para relações abertas não seria uma coisa fácil, é uma coerção social que eu mesmo queria desconstruir até para o meu próprio bem estar.
Após terminar meu último e catastrófico relacionamento com um garoto insignificante, decidi que iria pôr em prática todas as minhas teorias de amor livre, então decidi ficar com um cara em aberto e disse a ele que o próprio era livre, que nós éramos livres, na verdade.

Tive um pequeno infarto no miocárdio quando o vi beijando outro garoto, senti que não era o suficiente para ele, mesmo eu ficando com outras pessoas, era o pensamento ridículo do tipo: "eu posso ficar, você não".

Terminei com ele no dia seguinte, para o meu próprio bem e o dele também, eu não tinha que o arrastar nessa minha tentativa de desconstrução. Então conheci outros dois caras em junho do ano passado, duas semanas depois de terminar com o outro garoto. Eu não tinha contado para nenhum dos dois sobre querer uma "ficada mais livre", e acabei descobrindo que eles ficavam entre si enquanto ficavam comigo. Fui pego de surpresa, mas parei e refleti comigo mesmo: "não devo ter ciúmes do que não é meu, é a hora de pôr em prática todo o meu conhecimento de poliamor".

Depois de ir para festas com ambos e os ver com outras pessoas, mas no final de tudo era para mim que eles voltavam, eu vi o quanto essa ideia de posse só nos causa mal. Nesse dia eu não havia ficado com ninguém, saímos como amigos e só observei eles curtirem e vi que o quanto eu queria aquilo também, aquela "liberdade". Então ficamos até o início de julho, quando enfim vi que não dava mais para continuarmos juntos por questões divergentes em relação a aspectos do nosso relacionamento.

Após terminar com os dois, eles ficaram entre si e depois encontraram outras pessoas e hoje estão namorando de forma monogâmica. Eu sei que vocês estão lendo isso e fico feliz por vocês <3

No dia 8 de julho, fui à uma das festas realizadas na universidade para receber os calouros daquele semestre, até então era a minha primeira calourada, fiquei com um cara e foi bom até ele quase arrancar meu lábio inferior fora. Voltei a dançar com minha amiga, quando olhei para um lado (aqui eu estava louca de Catuaba) e vi um cara dançando em minha direção, assanhado como sou já fui logo ao encontro dele e sabe quando você morde aquela parte bem recheada do bolo que a Nutella chega a escorrer pelos cantos da sua boca? Então, foi essa a sensação.

Quando ele me beijou foi uma coisa tipo: UOU. O tipo de pessoa com energia boa e gostosa que você diz:"cara, bora trocar umas ideias?", então... Mas o meu maior medo era: esse cara deve ser monogâmico, estudamos na mesma universidade, vamos quase se ver todo dia. E se ele for do tipo grudento? E se ele for do tipo que chama de amor no segundo encontro e já pede em namoro no terceiro?

Eu viajei loucamente, nem sabia se iria manter contato, mas a Catuaba faz coisas interessantes. Dois meses se passaram e continuamos ficando, nunca havíamos conversado sobre ser aberto, fechado, ou meio aberto, até que um dia o encontrei em mais uma calourada, logo pensei: "puta merda, se eu ficar com alguém e ele vê vai dar merda". Mas não, quando o vi ficando com um cara, fiquei tão feliz que logo arrastei o menino que estava do meu lado e o beijei.

Sabia que com ele não teria que me preocupar em nada. Agora, quase 7 meses depois, continuamos juntos em aberto, sem rótulo, e de todas as pessoas que me relacionei foi a única que passei tanto tempo sem cobrança, sem grude, sem nada que eu tanto detesto em outra pessoa, temos nossas divergências, claro, mas foi com ele que desconstruí toda aquela coerção de que só fique com alguém se for de forma monogâmica.

Nós trocamos experiências, contamos algumas vezes sobre nossos casos e isso se tornou uma coisa tão normal quanto tomar água ou dormir.

Enfim, o post de hoje eu decidi contar resumidamente minhas experiencias em relação ao amor livre, no próximo post vou responder algumas perguntas que me foram feitas e também deixarei claro algumas coisas sobre essa questão de amar mais livremente, que muitas vezes as pessoas não entendem que por mais que seja livre, toda e qualquer forma de amar tem suas responsabilidades e especificidades. 

Amor Livre - Parte 1




Share:

0 comentários:

Postar um comentário