terça-feira, 11 de abril de 2017

Os 13 porquês | Livro | Série | Crítica




Autor: Jay Asher 
Número de páginas: 256 
Editora: Ática 
Ano: 2009


Thirteen reasons why ou Os 13 porquês é um romance escrito por Jay Asher e publicado em 2007 pela Penguin Group nos EUA, e a Editora Ática aqui no Brasil em 2009.
O livro com suas 256 páginas narra a história de Hannah Baker, uma adolescente que acabou cometendo suicídio após uma série de fatos desagradáveis acontecerem em sua vida, e esses fatos são narrados em 7 fitas, cada lado das fitas conta uma história.
Um dia após voltar da escola, Clay Jensen, encontra na porta de sua casa uma caixa de sapato contendo fitas cassete dentro, e ao colocá-las no antigo gravador de seu pai se assusta ao ouvi a voz de sua ex-colega de escola, Hannah Baker, que havia cometido suicídio duas semanas antes.
Nas fitas, Hannah explica os 13 motivos que a levaram a culminante decisão de se matar. Clay está nas fitas, ele é um desses motivos. E agora precisar ouvir cada história para descobrir como contribuiu para a ocorrência deste trágico acontecimento. 


O LIVRO:

Antes de começar a crítica sobre esse livro gostaria de dizer que ele de longe é meu preferido, não é uma obra ruim, mas sim sem muito aprofundamento como vimos na série da Netflix, mas sigamos adiante.
O livro é narrado de maneira não-linear em 1ª pessoa intercalando no mesmo capítulo o ponto de vista de Clay e Hannah que são os protagonistas da história. Confesso que já havia abandonado a obra antes por conta disso, tinha horas que eu estava tão imerso no enredo que confundia a narração de Clay com a da Hannah, e isso me incomodou bastante.
O desenrolar da história é um pouco lento, e só deu aquela guinada já para o final, mas depois fui entender que isso era inevitável, cada capítulo é uma construção, é uma evolução, um pequeno acréscimo no que vai levar a protagonista ao suicídio. É o famoso efeito dominó.
Cada pessoa tem que ouvir as fitas e passar adiante para a próxima, e como cada lado contava uma história algumas delas podem até parecer um pouco bobas para chegar ao ponto de alguém contar aquilo como um motivo para seu suicídio. Mas quando terminei a obra senti que ela me deu um tapa tão forte na cara e me fez se sentir como o 14º motivo de Hannah Baker. Pois tinha achado que alguns daqueles motivos nem eram porquês de verdade, mas a questão é, o que afeta Maria não afeta João.
Aquelas justificativas poderiam nos parecerem bobas, mas não para Hannah. Cada coisa nos afeta de maneiras diferentes. Algumas pessoas não ligam para o fato de chegar em uma festa e encontrar alguém usando a mesma roupa, já para outras isso é o fim do mundo. Entendem onde quero chegar?
Em certo ponto do livro - que com certeza irá marcar muitas pessoas - quando definitivamente Hannah desisti de sua vida, quando nada mais importa para ela; boatos; assédio; violência... é nesse ponto que sentimos o quão doloroso é ver alguém abandonar a si próprio. Você só quer gritar: Não, por favor, não faço isso, você vale a pena.

Isso se tornou uma espécie de jogo doentio, imaginar maneiras de me matar. E algumas delas são bem esquisitas e criativas.

Os 13 porquês é uma obra que deve ser lida pelos jovens e adultos, não é um livro que romantiza o suicídio e não foca apenas nesse assunto, ele aborda vários outros temas, como vou falar mais abaixo na crítica sobre a série.
O livro tem uma mensagem importantíssima a se passar e com certeza vai fazer os leitores refletirem um pouco sobre alguma atitude que já tomaram na vida em relação a outra pessoa. Quando você termina a obra é com a grande sensação de que somos capazes de afetar a vida de outras pessoas de uma maneira tão significativa e catastrófica, que muitas vezes não temos noção disso. 




A SÉRIE:

Primeira pergunta que todos fazem. A série é fiel ao livro? E a resposta é não. Mas calma. É um não bom. Sim, isso mesmo.
Apesar de não seguir tão fielmente ao livro, a essência e os “motivos da Hannah” estão ali na adaptação e é isso que importa, é isso que realmente deveria ser explorado.
Uma coisa que comentei com algumas pessoas foi que a série para mim veio como um complemento do livro, porque na obra de Asher só temos a visão de Clay e Hannah (o autor disse que inicialmente o livro só seria narrado por Hannah), mas na série nos deparamos com o aprofundamento dos outros personagens. E isso foi muito bom de se ver.
Principalmente a visão dos pais da jovem, que fica praticamente anulada no livro, não se fala muito sobre como eles ficaram após saberem que a filha tinha cometido suicídio. A maneira como Clay enxerga os outros personagens quando ele descobre que eles foram culpados pela morte de Hannah é maravilhoso até certo ponto.
Sabemos que a adolescência é uma fase complicada para muitas pessoas, é uma época de transição entre a infância e a vida adulta, é a descoberta da sexualidade, é a época das incertezas e inseguranças, os primeiros amores e também as primeiras decepções, ressaltando tudo isso e deixando algumas coisas de fora podemos ver o quanto de conteúdo a série aborda.
O grande alvoroço por trás de Os 13 porquês que ficou nos Trending Topics do Twitter durante um dia inteiro é a fortíssima crítica social envolta na adaptação. O tema central, suicídio, é abordado durante cada capítulo em um estágio de desgaste emocional por parte da protagonista que chega a gerar um certo desconforto em algumas cenas.
Além do bullying cometido pelos adolescentes e em como seus pais estão alheios a tudo isso, o machismo e o sexismo por trás das atitudes dos personagens, quando acontece de uma foto de Hannah ser vazada por um garoto que ela estava saindo e as pessoas a estigmatizam como vadia.
Hoje em dia vemos isso acontecer, quantos caras não se vangloriam de ter “pegado” alguma garota e inventam boatos sobre elas, tirando fotos e compartilhando na rodinha de amigos, e eles riem e levantam um troféu de cara-mais-pegador-do-pedaço. As questões de assédio sexual, violência, estupro, também são abordados na adaptação.
O elenco está muito bem nas cenas, a química entre os personagens, as atuações e a trilha sonora com certeza irá agradar o público jovem. Essa coisa de mesclar os elementos novos e retrôs deixando aquela coisa não totalmente datada na série, foi bacana, e também a fotografia, o jogo de cores azul e vermelho presente em cada cena, fazendo uma ligação entre os personagens e visualmente tornando tudo mais belo de uma forma praticamente imperceptível.
Entretanto, há um ponto que incomodou algumas pessoas, a duração dos episódios, eles são longos demais, alguns se estendem em coisas que poderiam ser entendidas em 2 minutos e para quem gosta de maratonar séries isso pode se tornar um pouco enfadonho. Esse é o único ponto negativo que consegui encontrar, o que não tira o mérito da série.
A produtora Selena Gomez disse em uma entrevista que existe a possibilidade de acontecer uma segunda temporada, pois algumas coisas foram deixadas no ar, mas não temos uma confirmação disso ainda. Até lá, vamos nos contentar com os 13 episódios disponíveis no serviço de streaming.





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